Dos diários aos blogs, escrever sobre si é, para muitas pessoas, uma
forma de tornar o dia a dia mais leve. Em busca de alívio e desabafo, a escrita
tem função terapêutica para quem resolve derramar emoções, dificuldades e
atitudes cotidianas na página ou na tela em branco. Organizar melhor o
pensamento, refletir com mais profundidade sobre fatos passados ou simplesmente
se libertar de sensações ruins são algumas das possibilidades que o registro
descompromissado da rotina abre para quem se aventura em busca de mais
bem-estar.
Única estudante deficiente em uma turma do curso de artes cênicas da
Faculdade de Artes Dulcina de Moraes, Júlia Maia se sentia incomodada por saber
que não conseguia expressar muitas questões sobre as dificuldades que
enfrentava.[...]
A
estudante começou anotando sobre pequenas provocações que recebia ou mesmo
sobre indagações que tinha. “Eu quis me expressar, ter minha voz. Muitas vezes,
não conseguia contar minhas angústias falando. Escrever foi uma forma de dizer
o que gostaria”, lembra. [...]
Presidente da International Stress Management Association no Brasil
(ISMA-BR), a psicóloga Ana Maria Rossi defende que as boas sensações que a
escrita proporciona são reais e têm uma fundamentação fisiológica. “Não é
meramente uma fantasia, algo banal.
Quando a pessoa escreve, uma área do cérebro importante, o córtex
pré-frontal, é ativada. Ela é a responsável por esses benefícios”, explica. Uma
pesquisa realizada pelo ISMA-BR com 1000 pessoas de São Paulo e Porto Alegre
investigou como elas lidavam com situações importantes e buscou compreender que
atividades eram negativas ou positivas nesse contexto. Vinte e três por cento
dos entrevistados, segundo a especialista, afirmaram que o ato de escrever era
um aspecto positivo e que ajudava a aliviar o estresse causado pelos problemas
cotidianos.
Fonte:
Correio Braziliense, 22 de outubro de 2013.
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