terça-feira, 19 de maio de 2015

4 perguntas para Rozemery Paixão, psicóloga, coordenadora da Divisão de Saúde da Polícia Civil/RS e coordenadora do 7º Encontro Nacional de Qualidade de Vida na Segurança Pública

O 7º Encontro Nacional de Qualidade de Vida na Segurança Pública, parte da programação do 15º Congresso de Stress da ISMA-BR, tem um propósito bastante claro: prevenir o esgotamento profissional de servidores envolvidos diariamente com situações de risco real. Embora Rozemery Paixão, psicóloga, coordenadora da Divisão de Saúde da Polícia Civil/RS e professora da ACADEPOL/RS, concorde que o policial faça uso do stress como ferramenta de mobilização para a segurança da sociedade, ela chama a atenção para o estudo de mecanismos para administrar o stress descontrolado. Confira, abaixo, entrevista exclusiva que Rozemery concedeu ao blog da ISMA-BR:

ISMA-BR: Qual é a importância do gerenciamento do stress na segurança pública?
Rozemery Paixão: Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o serviço policial é a segunda atividade geradora de stress. E como essa relação é muito próxima, ela traz muitas consequências para o trabalho, inclusive o adoecimento do trabalhador. Embora o stress seja algo natural e necessário ao ser humano, se não utilizarmos formas de administrá-lo, teremos um agravamento sério. E já temos quadros de alcoolismo, depressão e outras doenças entre os servidores. Outra particularidade deste setor do serviço público é que, além das situações geradoras do stress que são comuns aos demais trabalhadores, o policial está constantemente envolvido em situações de muita adrenalina e de risco real. Então, o que queremos em termos de segurança pública? Buscar mecanismos para gerenciar este stress para que ele não chegue ao ponto de se transformar na síndrome do burnout, tão presente atualmente.

ISMA-BR: Mas o policial precisa do stress, não é?
Rozemery Paixão: Todos nós precisamos, mas concordo que no caso do policial, mais do que a nós, o stress é necessário, porque ele precisará estar preparado para riscos reais. O stress irá gerar níveis altos de adrenalina, fundamentais para mobilizar o agente para a proteção e o enfrentamento. Mesmo assim, ou ainda mais, precisa haver cuidado com os níveis elevados de tensão.

ISMA-BR: Que tipo de trabalho é feito aqui no Estado no sentido de gerenciar o stress dos funcionários da segurança pública?
Rozemery Paixão: Uma das formas mais importantes é o treinamento. Sempre frisamos que quanto mais o policial se capacitar, mais preparado ele estará para enfrentar situações que causem stress, e sair delas sem maiores prejuízos mentais e emocionais. A Divisão de Saúde existe justamente para zelar pelos cuidados também com a saúde mental da atividade policial.

ISMA-BR: Qual é a importância do 15º Congresso de Stress e do 7º Encontro Nacional de Qualidade de Vida na Segurança Pública?
Rozemery Paixão: Não temos um manual completo. A importância do Congresso de Stress realizado pela ISMA-BR é a troca de informações, de experiências, de mecanismos e de visões  em nível nacional. É um espaço muito valioso para trabalhar este tema dentro da Segurança Pública. A riqueza começa pela formação da equipe: a coordenação do 7º Encontro Nacional de Qualidade de Vida na Segurança Pública é formada por profissionais de Pernambuco, Rio de Janeiro, Roraima e Rio Grande do Sul.

E o Encontro foi pensado para priorizar a prevenção. Haverá, por exemplo, painéis dedicados à perícia criminal ("Servidores da perícia criminal - vivências, superações e considerações"), ao servidor penitenciário ("Aprofundando o conhecimento sobre o servidor penitenciário e buscando novas possibilidades de intervenções") e à prevenção da saúde física e mental do servidor. No Congresso de Stress, também teremos participações importantes. Apresentaremos um painel sobre a imagem e auto-imagem do funcionário da segurança pública, e trataremos ainda da questão dos gêneros na segurança pública.

Inscrições para o 7º Encontro Nacional de Qualidade de Vida na Segurança Pública: http://bit.ly/1DMUceL

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