O médico Per Björntorp, do Departamento de Doenças do Coração da Universidade Göteborg, na Suécia, analisou a taxa de cortisona em pessoas submetidas à mesma carga de stress durante um dia normal de trabalho. Björntorp descobriu que algumas liberavam muito mais hormônio que outras. O teste foi feito com a coleta de saliva em várias fases do dia, e o resultado foi surpreendente.
O médico observou a existência de três grupos. No primeiro, o nível de cortisona subiu em situações estressantes e logo voltou ao normal. Nesse grupo estavam indivíduos magros e sem problemas de colesterol ou açúcar. No segundo, a taxa cresceu muito e demorou a regredir. Foram registradas alterações de colesterol, açúcar e pressão arterial, além de maior número de obesos. No terceiro grupo, o nível de cortisona manteve-se alto. Foi ali que houve maior incidência de problemas de peso, pressão arterial e taxas altas de colesterol e açúcar. Quando investigou as razões de tamanha variação, o médico descobriu que as pessoas mais sensíveis ao stress têm alterações no gene receptor da cortisona.
As pesquisas de Björntorp ganharam um reforço importante. A equipe do endocrinologista Amélio Godoy, do Instituto de Endocrinologia e Diabetes do Rio de Janeiro, decidiu averiguar o comportamento das glândulas supra-renais – que secretam hormônios responsáveis pelo metabolismo – em pacientes com obesidade provocada por stress. Godoy verificou que, se muito estimuladas pela produção de cortisona, essas glândulas, que ficam acima dos rins, aumentam de tamanho. Por esse motivo, a gordura concentra-se no abdome. A equipe de Amélio Godoy descobriu ainda que, em boa parte dos casos, as pessoas que têm esse tipo de obesidade engordaram a partir de choques emocionais, como a perda de um parente querido.
O tratamento indicado para esse tipo de obesidade não se restringe, portanto, apenas à orientação alimentar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário