segunda-feira, 29 de maio de 2023

A “pandemia” dos transtornos mentais no trabalho

Palestra ministrada pela psicóloga Rita Passos fará uma análise e apontará possíveis soluções para combater esse problema que se intensificou na era Covid. A atividade ocorrerá no dia 21 de junho, no 23º Congresso de Stress e QVT da ISMA-BR, em Porto Alegre.

Uma pesquisa publicada no periódico GV Executivo, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em abril desse ano, ouviu 572 profissionais de diversas empresas brasileiras, e constatou uma alta incidência de transtornos mentais, porém poucas ações para combatê-las. Os caminhos possíveis para modificar esse cenário, que teve um agravamento no período da pandemia do coronavírus, entre 2020 e 2022, serão apresentados da palestra da presidente da Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV), Rita Passos, no dia 21 de junho, às 13h50. A atividade integra o 23º Congresso de Stress e QVT da ISMA-BR, no dia 20 de junho, às 13h40, no Plaza São Rafael Hotel.
Mais informações sobre o evento podem ser obtidas no endereço: https://eventos.ismabrasil.com.br/. Inscrições online até 12 de junho.

A atuação como psicóloga dentro de organizações resultou uma experiência de 22 anos para Rita Passos, que preside a Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV) e também ocupa o cargo de diretora de novos negócios e serviços ao cliente na Care Global Partners. “De fato, as pessoas tem adoecido cada vez mais, e claro que não podemos deixar de citar todas as intercorrências que a pandemia provocou e que agravaram todo o cenário. Temos visto pedidos de afastamento pelos mais diversos motivos, entre eles o burnout”, revela. 

Dados da pesquisa publicada na GV Executivo apontam que, entre as respostas, a sobrecarga de trabalho apareceu em primeiro lugar como impacto negativo, seguida pela pressão por resultados e metas e, em terceiro lugar, a necessidade de estar disponível o tempo todo. Os índices cada vez mais alarmantes estão fazendo com que as empresas avaliem como elas podem apoiar seus funcionários e gerar maior bem-estar dentro das organizações. Conforme explica Rita, as pessoas estão reavaliando as suas rotinas de trabalho. “Elas querem maior flexibilidade de horário, poder escolher um sistema híbrido para cumprir sua jornada e, assim, ter mais qualidade de vida. Então, criar um local de trabalho produtivo que priorize a saúde mental pode ajudar muito, mas isso certamente gera um impacto muito grande na produtividade e na efetividade organizacional”, pondera. 

Como desenvolver uma cultura de saúde mental no trabalho?
A questão, então, é como gerar, de fato, uma cultura que priorize a saúde mental. A psicóloga conta que o primeiro passo é que esse entendimento ocorra no nível dos tomadores de decisão. “Se eles entenderem que a saúde mental é um investimento e que precisa estar inserida nos projetos, já teremos meio caminho andado”, afirma. A partir disso, então, uma empresa precisa desenvolver um programa de treinamento para os próprios gestores, para que eles possam entender sinais de alerta, como abordar um funcionário com sensibilidade e como orientá-los com recursos apropriados”, aponta.

Além disso, é necessário que ocorra todo um planejamento que estabeleça limites claros com relação a hora extra, fornecer pausas adequadas para descanso, avaliar constantemente o ambiente, realizar pesquisas de clima organizacional, avaliação de risco psicossocial, verificar o que pode ser melhorar no ambiente, fornecer assistência médica, programas de apoio, promover workshops, falar sobre autocuidado, alimentação correta, atividade física, e usar feedbacks de funcionários para implementar mudanças efetivas. Mas antes disso, conforme alerta Rita, “é preciso quebrar estigmas. Como uma pessoa vai se sentir à vontade para falar sobre seu estado emocional se ela não se sente confortável, com medo de ser hostilizada? Esse é o primeiro ponto”, conta a psicóloga, antes de pensar em um programa interno mais amplo.

Afinal, segundo ela, muitos diretores costumam criar campanhas de autocuidado, mas que acabam não sendo efetivadas por diversas razões. “A gente tem ouvido muito falar do ambiente de trabalho como um ambiente adoecedor. Eu prefiro pensar nesse ambiente como algo que faz parte da minha solução. O trabalho proporciona realizações, estabilidade financeira, e contribui muito para o bem-estar geral. Precisamos implementar uma cultura sadia para que o emprego tenha esse papel, e não o de adoecer”, finaliza.

23º Congresso de Stress e QVT da ISMA-BR
Quando: 20 a 22 de junho
Local: Plaza São Rafael Hotel, em Porto Alegre
Informações e inscrições online até 12 de junho: https://eventos.ismabrasil.com.br/

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