sábado, 30 de maio de 2015

Projeto Vizinhança: novas possibilidades urbanas

É consenso entre os especialistas em gerenciamento do stress que entre as causas do adoecimento devido às constantes pressões e demandas está a falta de atividades de relaxamento e a convivência com pessoas ao ar livre. Outra convicção é que as chances de atingir o esgotamento físico e mental no trabalho aumentam muito quando a pessoa descobre-se na profissão errada.

Criado em 2012, por iniciativa de Aline Bueno e Márcia Braga, o Projeto Vizinhança estimula a convivência entre vizinhos a partir da realização de eventos em espaços ociosos dos bairros de Porto Alegre e incentiva, em um primeiro momento, a experiência de refletir sobre a busca por atividades que as gratifique com uma prazerosa pausa na semana. "Em primeiro lugar, o Projeto Vizinhança é uma atividade voluntária, que gera muito prazer em todos que participam dele. Ele proporciona um relaxamento na rotina, e acontece sempre aos finais de semana. Percebemos uma vontade das pessoas de conviver mais com a sua vizinhança, de tomar chimarrão com quem mora do lado. Tenho certeza que essa troca com o outro ajuda a administrar o stress", explica Aline Bueno, publicitária, gestora cultural da Associação Cultural Vila Flores e especialista em Economia da Cultura pela UFRGS.

E quanto a trabalhar no que se gosta? "Aí eu posso contar a minha própria experiência. Eu tinha um emprego como publicitária e larguei tudo para trabalhar com arte e cultura. Hoje sei que estou no trabalho certo, na hora certa, com as pessoas certas. O Projeto Vizinhança foi uma porta muito especial, abriu uma rede de contatos nesse mundo maravilhoso. Embora eu trabalhasse num local bacana, eu me considerava super estressada; me demiti porque não era o que eu queria fazer na vida. Hoje eu me sinto uma pessoa muito plena por estar fazendo o que gosto", conta Aline, que ainda revelou o melhor: viu nascer no Projeto trajetória semelhante a sua. "Ela chama-se Patrícia Vieira, um dia resolveu participar de uma edição do Projeto Vizinhança, e hoje é uma contadora de histórias profissional. E ela não fazia isso profissionalmente antes de nos conhecer. Era simplesmente uma executiva que gostava de falar em público, mas que largou a carreira porque encontrou algo que a realizava verdadeiramente. Hoje ela gera renda contando histórias em eventos e escolas. Está completamente realizada e feliz", conclui.

Patrícia Vieira, a nova contadora de história, em pleno trabalho (Foto de Andréa Prestes)

Discutir novas formas de levar a vida profissional em meio ao frenético cotidiano cinzento das grandes cidades é um dos objetivos do Painel "Novas cidades, novas iniciativas" do qual Aline Bueno e Marcia Braga participarão durante o 3º Encontro Nacional de Responsabilidade Social e Sustentabilidade, que é parte da programação do 15º Congresso de Stress e Qualidade de Vida no Trabalho. Participam ainda do Painel Sandra Axelrud Saffer, arquiteta e diretora do escritório Axelrud Arquitetura & Assessoria, com prêmios em projetos de retrofit, sustentabilidade,  meio ambiente e responsabilidade social e em hotelaria, e Vanessa Gomes, relações públicas, especialista em gestão do ambiente e sustentabilidade, gestora operacional na EcoBike Courier Porto Alegre, além de sócia e diretora da Casa da Sustentabilidade e sócia fundadora e conselheira da Associação Brasileira de Profissionais de Sustentabilidade - Abraps, representando a organização em Porto Alegre.

Inscrições para o 3º Encontro Nacional de Responsabilidade Social e Sustentabilidade e para o 15º Congresso de Stress e Qualidade de Vida no Trabalho: http://bit.ly/1DMUceL

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Como viver o aqui e agora?

É sempre bom ver alguém fazer planos, vendo brilhar os olhos ao imaginar o futuro, a realização de algum sonho, a conquista de algo para o qual tanto se preparou. Da mesma forma, é positivo quando alguém se propõe a olhar para trás para não repetir maus comportamentos e para copiar o que fez de bom. Passado e futuro sempre são sábios quando nos ajudam a sermos melhores no presente. Mas podem ser nossos inimigos quando nos fazem esquecer o momento presente.

Estudos de abril deste ano, conduzidos em conjunto entre o National Center for Biotechnology Information, a U.S. National Library of Medicine e a The Associated Press, indicam que a nossa capacidade de atenção em uma tarefa gira em torno de 8 segundos até que uma distração nos  leve para outro foco. Embora a pesquisa nos aponte para situações simples do dia a dia, como trocar um livro pelo smartphone que avisou da chegada de uma nova mensagem, ela nos aponta um perfil de comportamento que pode trazer consequências mais graves.

O volume de informação que consumimos é grande e crescente a cada ano que passa. Somada a ele, vivemos uma crise econômica e política histórica, que está pondo em xeque muitas de nossas certezas, a começar pelo emprego e a capacidade de subsistência das famílias. Não é incomum, portanto, que um cenário como este, com um cardápio enorme de distrações e motivos concretos para preocupações práticas, produza stress e traga na bagagem doenças como a ansiedade e a depressão, que são a crise instalada de alguém preso ao passado ou ao futuro.

Tão importante quanto planejarmos o mês que vem, para que nada falte a nós e nossa família, é estarmos inteiros e capazes de darmos o melhor no dia de hoje. Igualmente no que se refere ao passado: conhecer-se e reconhecer nossas raízes são fundamentos indiscutíveis, mas inúteis se não influenciarem positivamente nosso comportamento atual.

Como conciliar, então, presente, passado e futuro, para que preservemos nossa saúde e experimentemos a felicidade? Em 1871, Sir William Osler, um dos médicos britânicos mais famosos de sua época, discursou aos alunos da Universidade de Yale e explicou o que descobrira 42 anos antes, e que considerava o segredo de seu sucesso até ali.

Contou-lhes que dias antes daquele discurso, ele havia atravessado "o Atlântico num grande navio, no qual o capitão, da ponte de comando, acionava um botão e -- pronto! -- havia um ruído de máquinas e, imediatamente, várias partes do navio eram isoladas, num instante, uma das outras -- isoladas em compartimentos hermeticamente fechados. 'Ora, cada um dos senhores' -- disse o Dr. Osler aos estudantes de Yale -- 'constitui uma entidade muito mais grandiosa do que o transatlântico, e está destinado a uma viagem muito mais longa. O que insisto que façam é que procurem aprender a controlar de tal modo o seu maquinismo que isso lhes permita viver em 'compartimentos diários hermeticamente fechados', como o meio mais certo de conseguirem realizar uma viagem segura. Vão à ponte de comando para ver se, ao menos, as grandes anteparas estão em ordem. Apertem um botão para ouvir, em todos os níveis de sua vida, as portas de ferro isolando o passado -- os dias mortos de ontem. Toquem noutro botão e separem, com uma cortina de aço, o futuro -- os 'amanhãs' que ainda não nasceram. Então, estão salvos -- salvos por um dia! Isolem o passado! Deixem o passado extinto enterrar os seus mortos. Afastem os 'ontens', que têm levado tantos tolos a caminho do pó. O fardo de amanhã, acrescentado ao fardo de ontem e carregado hoje, faz com que os mais fortes vacilem. Fechem bem, pois, as grandes anteparas da proa e da popa, preparando-se para cultivar o hábito de viver em 'compartimentos diários hermeticamente fechados.'"

terça-feira, 26 de maio de 2015

ISMA-BR entrevista o Dr. Artur Zular, parte 2: "A depressão está associada à falta de propósito na vida."

Na segunda parte da entrevista que o Dr. Artur Zular concedeu ao blog da ISMA-BR com exclusividade, ele aborda os temas do consumismo e da depressão como grandes males de nosso tempo, e indica caminhos para uma melhor compreensão deles. O Dr. Artur Zular é médico cardiologista, presidente da Associação Brasileira de Medicina Psicossomática (SP) e diretor científico do Comitê de Medicina Psicossomática da Associação Paulista de Medicina, e participará da Mesa-redonda "Driblando o stress", durante o 15º Congresso de Stress, que será realizado de 23 a 25 de junho, em Porto Alegre. 

Sobre consumismo
Se vive muito o que eu tenho e não o que eu sou. Para isso, eu preciso correr atrás do dinheiro para ter mais coisas que eu não tenho necessidade. Coisas que inclusive vão me dar trabalho para guardar, para aprender a mexer. É um círculo vicioso. As pessoas compram celulares novos, carros novos, e o prazer mesmo é muito efêmero, duram segundos. Em uma sociedade consumista, você só é o que você consome. E eu ensino as pessoas a romper com essa máxima. Usa o sapato muito, usa bastante, e só compra outro quando você tiver para quem dar o seu, eu recomendo. É o círculo virtuoso. Fique com as coisas, transforme as coisas. Para que um sofá novo? Transforme-o, muda o tecido. Mas comprar e ter fazem parte também. O ruim é o excesso disso. Um produto muitas vezes me dá identidade e nós somos assim, precisamos pertencer. O ser humano é no outro. Mas é preciso fazer ponderações. Por exemplo, eu, Artur, faço parte de um grupo, de uma tribo. Um grupo de quem estudou muito, um grupo de médicos, de quem fala de uma medicina psicossomática, na abordagem biopsicosocial. Eu faço parte de um grupo, onde eu me identifico como tal, mas eu não preciso comprar nada para isso. A minha autoestima é regulada pelo meu conhecimento, pelos meus anos de estudo. Isso não é efêmero e não é comprável. Quando eu termino um artigo ou um livro, eu fico extremamente feliz, porque eu realizei algo que gosto e tem importância para o meu projeto de vida. Portanto, essa pode ser a diferença para alguém que apenas compra um apartamento novo para ter mais qualidade de vida.

Sobre depressão
A depressão é um grande fantasma do século XXI. Em grau variado, as pessoas estão ligadas à falta de propósito. A vida precisa ter sentido. Quando a pessoa perde o seu propósito, ela tem grandes chances de entrar em depressão. Eu vivo para quê? Por que? Por que eu estou aqui? Farei falta? Que legado eu deixo? Que impressão eu deixo para as pessoas quando saio de um lugar? Vida sem sentido é igual à depressão. E a depressão sempre é multifatorial. O que desencadeia uma depressão? Uma perda, a perda de alguém querido, a perda de um trabalho, de um status. Algumas pessoas são mais resilientes. Outras, são mais frágeis. A falta de sentido de vida corrobora para isso. Se o indivíduo perde alguém, mas tem um propósito no existir, geralmente ele continua na sua jornada. Viktor Emil Frankl, um médico neurologista austríaco que sobreviveu aos campos de extermínio nazistas, observou que pessoas que não tinham sentido em viver, feneciam nos campos de concentração. Morriam em uma semana. Aqueles que tinham um propósito para se manterem vivos, encontrar parentes queridos, contar histórias, evitar que aquilo acontecesse de novo, sobreviviam àquelas mesmas situações de privação. Por isso, quero deixar claro que sempre essa questão de sentido é pano de fundo, é ela que torna a pessoa mais ou menos resiliente. Medicação para casos de depressão é necessária? Sim, mas associado à terapia. A pessoas precisa elaborar, refazer sua percepção de felicidade, para compreender o que está se passando. Se a pessoa elabora, ela pode tirar aprendizados sobre isso. A boa notícia é que isso pode ser treinado.

Informações e inscrições para o 15º Congresso de Stress e demais eventos que fazem parte de sua programação: http://bit.ly/1DMUceL

sábado, 23 de maio de 2015

ISMA-BR entrevista o Dr. Artur Zular: "A felicidade é uma percepção que temos de nós mesmos e da vida." - parte 1

Para driblar o stress, como sugere a mesa-redonda que será realizada na manhã do dia 23 de junho, durante a programação do 15º Congresso de Stress, é necessário compreender o que o Dr. Artur Zular conceitua como "uma reação adaptativa essencial ao viver". Para o médico cardiologista, presidente da Associação Brasileira de Medicina Psicossomática (SP) e diretor científico do Comitê de Medicina Psicossomática da Associação Paulista de Medicina, o stress acabou sendo reconhecido no país como uma coisa ruim, embora apenas seja necessário fazer a sua administração. "O organismo não reconhece a origem da carga de adrenalina a qual às vezes é submetido. Eu dou o exemplo do indivíduo que ganhou na loteria. Quando ele fica sabendo que foi contemplado, o coração dispara, fica branco; que é exatamente o que ele sente quando tem uma má notícia. Fisicamente, o organismo não reconhece a origem, a resposta sempre é inespecífica. Do ponto de vista cognitivo, as competências de crítica, de compreensão, fazem com que o indivíduo, consciente ou inconscientemente, mapeie em que terreno está pisando. A avaliação se algo é bom ou ruim muitas vezes é subjetiva", define. "Existe o stress positivo, que é o eustresse, e o stress negativo, o distresse, e as pessoas se confundem muito."

O Dr. Artur Zular, que participará do Congresso tratando da temática "Felicidade, saúde e qualidade de vida", concedeu entrevista exclusiva ao blog da ISMA-BR, quando antecipou alguns de seus pensamentos:

Sobre felicidade e qualidade de vida
A felicidade é uma percepção que temos de nós mesmos, da vida. Ela tem um conteúdo cultural e familiar muito grande. Geralmente, fazemos um link dela com outra questão, a qualidade de vida. As pessoas dizem assim: "Vou largar esse emprego porque ele me estressa e quero ter mais qualidade de vida." Opa, este misturou um monte de coisas. Sobre o stress, nós já falamos; felicidade, eu disse que é uma percepção do bem-estar; e a qualidade de vida, onde entra isso? Por definição, qualidade de vida é, primeiro, o indivíduo estar bem consigo mesmo; segundo, saber administrar a energia para as diversas esferas do viver, o trabalho, família, saúde, lazer, espiritualidade. O indivíduo que se respeita, que está bem consigo mesmo, que sabe dosar a energia, ele tem uma qualidade de vida boa. E ela, definitivamente, não é algo que se compra. Porque ouvimos nas propagandas promessas do tipo: "compre o apartamento tal e tenha mais qualidade de vida". Às vezes, o tal apartamento que tem brinquedoteca, piscina etc., é tão longe do centro, ou do lugar onde o morador trabalha, que, por causa da distância e do trânsito, ele nem consegue aproveitar. Nestes momentos, o indivíduo lamenta: "Eu não estou feliz." Ele mora numa casa maravilhosa, tem um trabalho legal, mas não está feliz.

Sobre ansiedade
Nós vivemos em um mundo ansiogênico. A vida contemporânea é desfuncional, quanto a isso eu assino embaixo. Temos uma carga enorme de informações, você é assoberbado de informações. E não é mais só no seu computador, é no seu bolso: o seu celular recebe milhares de notícias de centenas de aplicativos, e você é invadido por informações. Não obstante, você é invadido por solicitações. Profissionais, familiares, de amigos; coisas que no passado, não existiam. Antes, era só e-mail, e já era muita coisa. Mais antigamente, nem e-mail existia. Quem queria falar com você, ligava. Quando você podia, você retornava. Com tudo isso, a nossa relação com o tempo ficou tremendamente ruim. Eu chamo de ciber stress. Além disso, as relações sociais são ruins, as pessoas têm vínculos frágeis. O convívio na família, intergeracional, se perdeu. Antigamente, avós, filhos e netos moravam mais próximos. Hoje, cada um vai para um lado, se isolam, e quando solicitados, não têm tempo para se vincular com os familiares. Estamos muito ligado às redes sociais, mas estamos todos mais solitários. As redes sociais são boas para construir pontes, para achar velhos amigos; mas não basta ficar só no virtual, tem que haver contato físico, olho no olho. A vida precisa acontecer na praça, no parque, no restaurante, na rua. Isso tudo cai nessa desfuncionalidade que é a ansiedade. Ansiedade é sofrer por antecipação, é imaginar que não vai dar conta de tantas tarefas e tantas solicitações, que muitas vezes o indivíduo mesmo coloca para si. Eventualmente, ele poderia viver com muito menos, ter muito menos. Ao contrário do dito popular, eu digo "deixe para amanhã o que você não pode fazer hoje". Tudo na vida é uma questão de prioridade.

Continua no próximo post.

Informações e inscrições para o 15º Congresso de Stress e demais eventos que fazem parte de sua programação: http://bit.ly/1DMUceL

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Como a depressão pós-férias e o burnout chegam até você

Seja na tristeza sentida do momento de voltar à empresa depois das férias, ou no esgotamento físico e mental gerado a partir da rotina profissional, o certo é que o trabalho está muito associado ao stress que afeta negativamente os brasileiros. Em recente pesquisa, a ISMA-BR concluiu que mais de 60% das pessoas que admitem estar estressadas, atribuem seu mal-estar à profissão.

Pós-férias e burnout (o tal esgotamento) são temas das reportagens abaixo dos jornais Diário de Pernambuco, de Recife/PE, e A Tarde, de Salvador/BA.

E se você se interessa pela síndrome de burnout, ou esgotamento profissional, lembre-se: vão até o dia 31 deste mês as inscrições com preço promocional ao 15º Congresso de Stress e os eventos que compõem a sua programação: 17º Fórum Internacional de Qualidade de Vida no Trabalho, 7º Encontro Nacional de Qualidade de Vida na Segurança Pública, 7º Encontro Nacional de Qualidade de Vida no Serviço Público e 3º Encontro Nacional de Responsabilidade Social e Sustentabilidade

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"Sem ânimo para ir trabalhar", jornal Diário de Pernambuco:

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"Tormento no fim das férias", jornal A Tarde:

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terça-feira, 19 de maio de 2015

4 perguntas para Rozemery Paixão, psicóloga, coordenadora da Divisão de Saúde da Polícia Civil/RS e coordenadora do 7º Encontro Nacional de Qualidade de Vida na Segurança Pública

O 7º Encontro Nacional de Qualidade de Vida na Segurança Pública, parte da programação do 15º Congresso de Stress da ISMA-BR, tem um propósito bastante claro: prevenir o esgotamento profissional de servidores envolvidos diariamente com situações de risco real. Embora Rozemery Paixão, psicóloga, coordenadora da Divisão de Saúde da Polícia Civil/RS e professora da ACADEPOL/RS, concorde que o policial faça uso do stress como ferramenta de mobilização para a segurança da sociedade, ela chama a atenção para o estudo de mecanismos para administrar o stress descontrolado. Confira, abaixo, entrevista exclusiva que Rozemery concedeu ao blog da ISMA-BR:

ISMA-BR: Qual é a importância do gerenciamento do stress na segurança pública?
Rozemery Paixão: Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o serviço policial é a segunda atividade geradora de stress. E como essa relação é muito próxima, ela traz muitas consequências para o trabalho, inclusive o adoecimento do trabalhador. Embora o stress seja algo natural e necessário ao ser humano, se não utilizarmos formas de administrá-lo, teremos um agravamento sério. E já temos quadros de alcoolismo, depressão e outras doenças entre os servidores. Outra particularidade deste setor do serviço público é que, além das situações geradoras do stress que são comuns aos demais trabalhadores, o policial está constantemente envolvido em situações de muita adrenalina e de risco real. Então, o que queremos em termos de segurança pública? Buscar mecanismos para gerenciar este stress para que ele não chegue ao ponto de se transformar na síndrome do burnout, tão presente atualmente.

ISMA-BR: Mas o policial precisa do stress, não é?
Rozemery Paixão: Todos nós precisamos, mas concordo que no caso do policial, mais do que a nós, o stress é necessário, porque ele precisará estar preparado para riscos reais. O stress irá gerar níveis altos de adrenalina, fundamentais para mobilizar o agente para a proteção e o enfrentamento. Mesmo assim, ou ainda mais, precisa haver cuidado com os níveis elevados de tensão.

ISMA-BR: Que tipo de trabalho é feito aqui no Estado no sentido de gerenciar o stress dos funcionários da segurança pública?
Rozemery Paixão: Uma das formas mais importantes é o treinamento. Sempre frisamos que quanto mais o policial se capacitar, mais preparado ele estará para enfrentar situações que causem stress, e sair delas sem maiores prejuízos mentais e emocionais. A Divisão de Saúde existe justamente para zelar pelos cuidados também com a saúde mental da atividade policial.

ISMA-BR: Qual é a importância do 15º Congresso de Stress e do 7º Encontro Nacional de Qualidade de Vida na Segurança Pública?
Rozemery Paixão: Não temos um manual completo. A importância do Congresso de Stress realizado pela ISMA-BR é a troca de informações, de experiências, de mecanismos e de visões  em nível nacional. É um espaço muito valioso para trabalhar este tema dentro da Segurança Pública. A riqueza começa pela formação da equipe: a coordenação do 7º Encontro Nacional de Qualidade de Vida na Segurança Pública é formada por profissionais de Pernambuco, Rio de Janeiro, Roraima e Rio Grande do Sul.

E o Encontro foi pensado para priorizar a prevenção. Haverá, por exemplo, painéis dedicados à perícia criminal ("Servidores da perícia criminal - vivências, superações e considerações"), ao servidor penitenciário ("Aprofundando o conhecimento sobre o servidor penitenciário e buscando novas possibilidades de intervenções") e à prevenção da saúde física e mental do servidor. No Congresso de Stress, também teremos participações importantes. Apresentaremos um painel sobre a imagem e auto-imagem do funcionário da segurança pública, e trataremos ainda da questão dos gêneros na segurança pública.

Inscrições para o 7º Encontro Nacional de Qualidade de Vida na Segurança Pública: http://bit.ly/1DMUceL

sábado, 16 de maio de 2015

Revista Cláudia: a mulher e a síndrome de burnout



"Acúmulo de tarefas, cobranças excessivas, perfeccionismo e foco no trabalho como fonte exclusiva de prazer levam ao esgotamento físico e mental. Reconheça os sinais da síndrome de burnout e aja antes de acabar exaurida ou chamuscada."

Assim inicia a reportagem da jornalista Cristina Nabuco, na Revista Cláudia deste mês, chamando a atenção do público feminino para um mal ao qual nenhum profissional está imune -- seja homem ou mulher: a síndrome de burnout. Em entrevista à publicação, Ana Maria Rossi, PhD e presidente da ISMA-BR  (International Stress Management Association no Brasil), chama a atenção para a preocupante realidade de nosso país, já que 30% dos trabalhadores apresentam a síndrome.

A importância do tema fez com que ISMA-BR convidasse para vir ao Brasil uma das principais autoridades em burnout no mundo, Michael Leiter, PhD, diretor do Center for Organizational Research and Development e titular da cátedra de pesquisa canadense em saúde e bem-estar ocupacional na Acadia University, onde também é professor de psicologia. Ele abrirá o 15º Congresso de Stress, que será realizado de 23 a 25 de junho, no Centro de Eventos Plaza São Rafael, em Porto Alegre. Fazem parte do evento, ainda, o 7º Encontro Nacional de Qualidade de Vida na Segurança Pública, o 7º Encontro Nacional de Qualidade de Vida no Serviço Público e o 3º Encontro Nacional de Responsabilidade Social e Sustentabilidade.

Inscrições e mais informações pelo link http://bit.ly/1DMUceL.

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Entenda o que o stress tem a ver com a qualidade da sua relação sexual




Todas as semanas, a Dra. Jaqueline Brendler, ginecologista, sexóloga, presidente do conselho deliberativo da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana, vice-presidente da Flasses (Federacion Latinoamericana de Sociedades de Sexologia y Educacion Sexual) e membro da Adviosry Board da WAS (World Association for Sexual Health), recebe em seu consultório, em Porto Alegre, inúmeras pessoas relatando algum problema relacionado à sexualidade. Homens e mulheres, de todas as idades. Em 90% dos casos, segundo ela, a preocupação não é apenas melhorar, dar um upgrade na performance e no prazer na cama, é mais grave: precisam solucionar algo que vem dificultando a libido, alterando a ejaculação ou impedindo o orgasmo. "Sou procurada para concertar o sexo, e consigo isso com sucesso", afirma a Dra. Jaqueline. "Mas se o stress crônico estiver presente no relato do paciente, eu chego a recusar o atendimento. Uma das piores coisas que podem acontecer a alguém com dificuldade sexual é uma situação de stress. A sobrevivência tem prioridade na relação com o sexo. Se há algum problema externo, causador do stress, vamos primeiro resolver esta questão e depois melhorar o sexo."

Na 15º edição do Congresso Internacional de Stress e Qualidade de Vida no Trabalho, que será realizado de 23 a 25 de junho em Porto Alegre, a Dra. Jaqueline Brendler, que também é colunista na sessão Na Cama do caderno Vida de Zero Hora, e responsável pelo site www.terapiadosexo.med.br, participará do "Talk show: stress, saúde e sexo". Para o blog da ISMA_BR, ela antecipa seu ponto de vista sobre a relação stress e sexo:

O stress crônico impede o sexo
O stress é um dos principais impeditivos para o sexo de qualidade porque o foco da pessoa sempre estará naquilo que está lhe causando o stress. E isso é incompatível com o sexo de qualidade, que é um processo puro em que a pessoa precisa estar 100% conectada ao momento, à emoção erótica. Nestes casos, temos um problema muito grande. Eu já recusei pacientes na minha clínica porque era impossível iniciar o tratamento para melhorar a qualidade do sexo. A pessoa estava com a cabeça muito ocupada com os afazeres do dia-a-dia, o que a impediria de dar foco à relação sexual. Na maioria dos casos, a pessoa já tem um problema sexual, e aí vem o stress e piora o quadro. Já tive uma paciente que chegou no consultório se dizendo muito endividada. Eu sugeri a ela que primeiro resolvesse a questão financeira e depois voltasse a buscar ajuda com relação ao sexo. Ele precisa antes lidar com a questão do stress e depois resolver a questão do sexo.

Mulheres, homens e o sexo como relaxamento
Se a pessoa não tem problemas como o sexo, a transa até pode vir a relaxar em situações de stress. Se partirmos de uma situação de problema com o sexo, será muito difícil resolver a questão sexual mantendo a rotina. Para o homem, é mais comum que o sexo seja uma solução de problemas. Ele usa como analgésico, anti-inflamatório, antibiótico... o homem usa o sexo para vários outros fins, inclusive para relaxar. No caso da mulher, é diferente: ela precisa ter o dia positivo para a relação ser agradável. Se a empregada marcou e não veio, se o filho trouxe nota baixa do colégio, ela não vai pensar em transar. O homem vê o sexo como solução de problemas, enquanto a mulher não pode ter tido quase problema algum no seu dia. Isso tudo em situações em que as pessoas não têm problemas com o sexo. Vejamos o contrário: se o homem falhou na cama nas últimas dez vezes, ele vai escolher o dia mais estressante para tentar de novo? Obviamente que não.

Sexualidade em períodos de stress
Minha recomendação para fases de maior stress, é que o casal viva uma relação sexual mais ampla, e não tão genitalizada; e isso é possível. Eu recomendo que não parem de namorar e não se desconectem das situações eróticas. Aquela pessoa que estiver mais envolvida com a situação de stress pode ser ajudada a chegar ao orgasmo. O sexo não necessariamente precisa acontecer com penetração.

As inscrições para o 15º Congresso de Stress e Qualidade de Vida no Trabalho podem ser feitas por este link: http://bit.ly/1DMUceL

terça-feira, 12 de maio de 2015

Vai uma bebida para relaxar? Especialista explica que mal há nisso


Pesquisas recentes conduzidas pela ISMA-BR (International Stress Management Association no Brasil) já confirmaram: a maioria das pessoas que se sentem em níveis altos de stress ingerem maior quantidade de bebida alcoólica como tentativa de relaxar. O que poucos sabem -- ou diminuem a importância da informação que têm -- é que o consumo de bebida alcoólica, de medicamentos e outras drogas pode levar a um caminho sem volta. A dependência química é uma doença que não escolhe faixa etária, nem poder aquisitivo, possui tratamento longo e caro, e não tem cura. Traz graves reflexos para vida pessoal e profissional, além de impactos não menos graves nos círculos familiares. 

Na entrevista abaixo, o Dr. Sergio de Paula Ramos, psiquiatra, psicanalista, doutor em medicina e especialista em dependência química, analisa a relação do álcool e medicamentos com o stress, fala dos perigos da substituição de atividades saudáveis pelo uso perigoso de drogas lícitas ou não. Dr. Sergio é um dos palestrantes do 15º Congresso de Stress da ISMA-BR, e participará do "Talk Show: Sociedade anônima ou sociedade humana?" junto de Evangelia Demerouti, presidente do Human Performance Management Group e professora de comportamento organizacional da Eindhoven University of Technology; e de Michael P. Leiter, diretor do Center for Organizational Research and Development e titular da cátedra de pesquisa canadense em saúde e bem-estar ocupacional na Acadia University, onde também é professor de psicologia.


ISMA-BR: Dr. Sérgio, qual é a relação do stress com bebida e outras drogas?
Dr. Sergio de Paula Ramos: As chamadas drogas de abuso têm em comum o fato de alterarem o funcionamento cerebral. Nos primeiros usos, a pessoas sente uma sensação de melhoria. Se é um paciente deprimido, vai se sentir menos deprimido. Se é estressado, vai se sentir mais calmo. Tudo isso dependendo da droga usada. Pessoas mais estressadas, ou que estão em trabalhos mais estressantes, são mais suscetíveis ao consumo de drogas. No caso do alcoolismo, profissões como as dos médicos, vendedores, policiais, bombeiros, coveiros, profissionais que ficam mais no front, são mais propensos a vir a desenvolver uma dependência do álcool, uma vez expostos a ele. Eu considero uma forma complicada de lidar com o stress fazer uso de álcool, calmantes e outras drogas. Geralmente, essas pessoas começam a usar, vão usando, vão se aliviando e, quando abrem os olhos, já estão dependentes.

ISMA-BR: Quais os fatores de risco para alguém desenvolver uma dependência?
Dr. Sergio: Vai depender do tipo de droga, da genética do usuário, da existência ou não de outra doença psiquiátrica; todos esses são fatores de vulnerabilidade, fraquezas em cima das quais as drogas tomam conta. Existem muitas atividades saudáveis para administrar o stress: a prática de atividades físicas, de esportes, de algum lazer, a manutenção de vínculos familiares e sociais, de um hobby. Mas se, em vez de tudo isso, o indivíduo, para relaxar, precisa beber porque teve um dia muito agitado, precisa de seu whisky quando chega em casa, esta pessoa está se utilizando de maneiras patológicas de lidar com o stress.

ISMA-BR: Quais os impactos da bebida e outras drogas neste caso? 
Dr. Sergio: Na medida em que estas drogas vão entrando na vida de alguém, as repercussões vão aparecendo. Alguns terão reflexos num nivel físico, vão ter problemas clínicos. Outros, na convivência familiar e social e outros, ainda, no exercício profissional. O que acontece é que na maioria dos casos de dependência, o dependente não se julga ser um. Na ótica destas pessoas, elas não precisam nem parar nem diminuir o consumo. Aí os problemas vão aumentando e quem está próximo vai sentindo os efeitos desta doença, e transformando-se nas vítimas. E como a família é sempre quem está mais próxima, a esposa e os filhos, ou seja o familiar que for, sentirão as consequências mesmo antes de o paciente aceitá-las.

ISMA-BR: E o conteúdo publicitário não é um vilão nestes aspectos?
Dr. Sergio: Como no Brasil nós deixamos que os próprios produtores de bebida alcoólica regessem o código de publicidade, nós pedimos que a raposa tomasse conta do galinheiro. A propaganda da indústria do álcool no Brasil talvez seja a mais perversa do mundo porque, sistematicamente, associa o álcool ao consumo precoce, ao divertimento, ao sucesso com o sexo oposto. Tudo o que o álcool não faz. Shakespeare já dizia: "o álcool desperta o espírito, pena que adormece o corpo". Álcool traz impotência sexual e acidente de trânsito, e a propaganda vai exatamente no sentido inverso.

sábado, 9 de maio de 2015

Como a meditação ajuda a administrar o stress

Observe uma criança. Embora aparentemente ela não tenha nada para lhe ensinar, há uma competência inata naquele pequeno ser: a capacidade de fixar sua atenção no momento presente. Com exceção dos primeiros anos de vida, passamos o resto de nossa vida resistindo às tentações de antecipar o futuro ou remoer o passado. A meditação, entretanto, é uma das formas de conservar nossa mente no aqui e agora, como defende na entrevista a seguir Otavio Fattori, administrador de empresas, instrutor e facilitador de workshops de meditação e bem-estar, idealizador do site opoderdoagora.com.br, cofundador da rede de portais de qualidade de vida nossobemestar.com. 

ISMA-BR: Por que a meditação é uma forma de driblar o stress?
Otavio Fattori: Existem uma centena de pesquisas que explicam os benefícios da meditação. Assim como o preparador físico defende a importância do alongamento, a meditação é recomendada para nossa rotina intelectual. Estamos sempre numa atividade mental muito intensa. É uma forma de contrapor esta intelectualidade que a sociedade moderna exige.

ISMA-BR: A meditação é mais importante hoje do que já foi no passado?
Otavio Fattori: Exige uma necessidade cada vez maior devido ao crescimento das cidades e o stress que a vida moderna vem nos impondo. Ao mesmo tempo, ainda há muita resistência. Quanto mais eu estiver preso na mente, mais eu fico retroalimentando esse processo. A meditação é uma libertação. Ela ainda está associada a uma religião e isso enfrenta preconceitos.

ISMA-BR: O senhor prega a simplicidade na forma de meditar.
Otavio Fattori: Todas as tradições pregam técnicas para ajudar as pessoas a alcançarem os estados meditativos. Mas a técnica não é a meditação, é o veículo e não o objetivo. Muitas vezes as pessoas ficam presas à técnica como se ela fosse o único caminho. A minha abordagem é de dizer que as técnicas são úteis, e são adaptadas ao gosto e perfil de cada pessoa, mas as técnicas não são fundamentais. Uma criança vive em estado de meditação, vivendo cada momento plenamente. Cada um de nós já viveu um estado meditativo, às vezes sem saber.

No 15º Congresso de Stress e Qualidade de Vida no Trabalho, Otavio Fattori participará da mesa-redonda "Driblando o Stress", com a palestra "A meditação sem técnica", e do "Workshop 4 - AquiAgora: o poder do momento presente".

Inscrições para o Congresso de Stress podem ser feitas pelo link http://bit.ly/1DMUceL.


No vídeo abaixo, Otavio dá mais detalhes de sua Meditação Sem Técnica.



quinta-feira, 7 de maio de 2015

Arquitetura e stress: 8 fundamentos para harmonizar os espaços de trabalho

Houve um tempo em que um escritório, uma fábrica ou outro espaço de trabalho limitava-se a oferecer algum tipo de conforto, de segurança e de recursos para o cumprimento pleno das atividades profissionais. A valorização da arquitetura e do paisagismo, no entanto, trouxe aos ambientes das empresas grandes contribuições no sentido de reduzir o stress e aumentar significativamente a produtividade, a criatividade e o bem-estar das equipes. A seguir, Maria Regina Mattos, arquiteta, mestre em arquitetura de paisagem pela PUCRS e professora de projeto da FAU-PUCRS, lista oito fundamentos para usar a arquitetura a favor da qualidade de vida no trabalho.  

A arquiteta Maria Regina Mattos é diretora do escritório Mattos Paradeda Arquitetura Paisagística, com 40 anos de experiência em projetos e faz parte do corpo docente do 11º Curso de Gerenciamento do Stress, que será realizado no Hotel Plaza São Rafael, em Porto Alegre, nos dias 21 e 22 de junho. Inscrições pelo link http://bit.ly/1GLa960. 

1- Traga a natureza para a empresa
Claro que na área de produção de uma fábrica, especialmente de alimentos, não posso incluir plantas. Mas sempre a recepção ou o escritório pode ter a natureza inserida. E quando realmente não é possível, então que eu tenha uma abertura para enxergar espaços onde a natureza está presente.

2- Para cada tipo de atividade, um ambiente
Dependendo da atividade, devo incluir elementos que despertem nos profissionais aquilo que eles precisam para serem mais produtivos. Pinturas, que me lembrem o lúdico, favorecerão empresas criativas. Escritórios bem organizados são fundamentais para atividades ligadas à exatidão e ao controle. 

3- Atenção para o conforto térmico e acústico
Não precisa ter ar-condicionado obrigatoriamente, o que até contribui para a sustentabilidade energética, mas todo espaço de trabalho precisa investir em boa ventilação. Se tiver muito sol no local, por exemplo, é importante criar elementos que bloqueiem a luminosidade e o calor excessivos. A boa acústica também precisa ser respeitada. Muitas vezes em um restaurante tu nem consegues comer por causa do barulho; como trabalhar sem o silêncio necessário? 

4- Menos é mais
Além de não causar desconforto e até lesões, o ambiente não pode ter excesso de elementos que acabe atrapalhando a circulação das pessoas.

5- Cuidado com as cores
Se eu trabalho com computador, tenho que ter cores suaves atrás da tela, por exemplo. Se minha atividade é mais ligada à criatividade, a cor pode ser mais quente, para manter a pessoa excitada e em movimento. Para qualquer trabalho, cores neutras facilitarão o sempre bem-vindo relaxamento.

6- Espaço de relacionamento e atividade física
Se o tipo de serviço permite, os escritórios devem ser abertos e fáceis de serem alterados, para transmitir sensação de dinamismo. Já escritórios onde a concentração é prioritária, reservar ou construir algum lugar para integração das pessoas é superimportante. Dentro de um modelo ideal de arquitetura para obtermos mais qualidade de vida no trabalho, um espaço específico para ginástica laboral ou outra atividade física leve é recomendável.

7- Sinalização e acessibilidade
É importante sinalizar a localização dos espaços, informar que tipo de atividade se executa em cada local e investir em acessibilidade universal.

8- Profissional competente
Antigamente, em nossa casa e nas empresas, o que importava era levantar paredes, comprar móveis e eletrodomésticos, e decorar conforme o gosto de cada um. A contratação de um profissional competente para a melhor ocupação dos espaços e a harmonia entre a construção, o mobiliário e as pessoas é básico, tanto para quem está construindo o próprio lar, como para empresas que buscam profissionais mais felizes e competentes.

terça-feira, 5 de maio de 2015

Por um ambiente de trabalho mais verde

Mais do que apenas uma percepção, a inclusão de elementos da natureza no ambiente de trabalho já beneficia comprovadamente a saúde mental dos profissionais e diminui os riscos de esgotamento por stress e seus sintomas associados.

Alinhado a esta realidade, a 11º edição do Curso de Gerenciamento do Stress abordará a temática por meio da participação da arquiteta Maria Regina de Mattos, mestre em arquitetura de paisagem pela PUC-RS, professora de projeto da FAU-PUC-RS e diretora do escritório Mattos Paradeda Arquitetura Paisagística, com 40 anos de experiência em projetos.

Há poucos dias, em artigo intitulado "Verde para combater depressão e ansiedade", do blog Pensar Psi, do portal Estadão, a jornalista, psicanalista e psicóloga clínica, Gláucia Leal, trouxe mais dados  a respeito do assunto. Ela reafirma que muitos estudos já vêm comprovando que "o contato com a natureza pode ser terapêutico – e num nível bastante profundo." Segundo ela ainda, "muitos pesquisadores afirmam, sem receio, que a proximidade com áreas verdes e praia de fato ajuda a reduzir sintomas de ansiedade e a depressão, melhora a capacidade de concentração e atenção."

Leia o artigo na íntegra por meio do link http://bit.ly/1FNAN1O

Inscrições para o 11º do Curso de Gerenciamento do Stress: http://bit.ly/1GLa960
Inscrições para o 15º Congresso de Stress e Qualidade de Vida no Trabalho: http://bit.ly/1DMUceL


sábado, 2 de maio de 2015

4 perguntas para José Vieira Leite, pós-doutor em Ciências Humanas e coordenador do 7º Encontro Nacional de Qualidade de Vida no Serviço Público:

A turbulência política e financeira vivida pelo Brasil vem impactando não só a realidade das empresas, que freiam investimentos e colocam em risco a estabilidade dos empregos, mas também as condições de vida dos milhões de servidores públicos brasileiros. O Dia do Trabalhador, data histórica e internacional para reflexão das condições de trabalho, este ano ficou marcado por protestos em diversos Estados. É neste cenário de instabilidade que a ISMA-BR propõe o debate em torno da qualidade de vida do trabalho e realiza, de 23 a 25 do próximo mês o 15º Congresso de Stress e Qualidade de Vida, tendo como tópico importante a discussão em torno da problemática específica do serviço público. Como coordenador do 7º Encontro Nacional de Qualidade de Vida no Serviço Público, que é parte da programação do Congresso principal, o Dr. José Vieira Leite, pós-doutor em Ciências Humanas (CTCH-PUC-RJ), doutor em Engenharia de Produção (COPPE-UFRJ), pesquisador e escritor sobre o trabalho humano, concedeu a entrevista a seguir, e antecipou sua preocupação com o atual momento do país.

ISMA-BR: Quais as causas do stress dentro do contexto de trabalho do servidor público?

Dr. José Vieira Leite: O modelo de qualidade de vida no trabalho no qual nos baseamos possui três grandes eixos. Um deles é as condições de trabalho, e por elas entende-se uma questão bem material, como iluminação, mobiliário e todos os demais aspectos que influenciam no ambiente de trabalho. A segunda dimensão é a organização do trabalho, que são as normas formais e informais vigentes. Se é mais normatizado ou menos normatizado, se possui horários fixos, pausas determinadas etc. O terceiro eixo diz respeito às relações sociais de trabalho entre chefiados e chefias, as relações de poder, os tipos de lideranças, as possibilidades de ser mais ou menos criativo ou produtivo.

Os três eixos podem ser geradores de stress, e podem, por consequência, prejudicar muito a condição de trabalho do servidor público.

ISMA-BR: Estamos enfrentando novas dificuldades do ano passado para cá?

Dr. José Vieira Leite: Este tema tem um contexto muito dinâmico, mas é possível afirmar que estamos vivendo um agravamento da qualidade de vida do serviço público. A crise econômico-financeira pela qual o país está passando nos impacta muito, começando pela disponibilidade dos recursos materiais, os salários que não acompanham a inflação, os programas que são reduzidos etc. No fim das contas, a prestação dos serviços e a qualidade da vida profissional pioram muito com menos recursos.

ISMA-BR: Só a estabilidade não garante melhor qualidade de vida do servidor público?

Dr. José Vieira Leite: A estabilidade é um aspecto importante, mas não é tudo. É algo já conquistado, e o ser humano sempre quer se beneficiar de novas conquistas. Começando por aí, temos muitos elementos estressantes nas condições de trabalho do servidor público hoje no Brasil. O fator gratificação ou reconhecimento, por exemplo, é muito significativo para o trabalhador. E hoje em dia temos o contrário: a reclamação da população que recebe um serviço precarizado afeta fundamentalmente a qualidade de vida no trabalho de quem oferece um serviço precário. E no curto prazo, posso afirmar que teremos um agravamento da qualidade de vida do servidor e dos serviços prestados no Brasil.

ISMA-BR: Que expectativas podemos ter com o 15º Congresso de Stress e o 7º Encontro Nacional de Qualidade de Vida no Serviço Público?

Dr. José Vieira Leite: A abertura do Encontro será exatamente sobre este cenário político e econômico que estamos vivendo no país e suas perspectivas. Toda a programação será um espaço para um debate aberto, amplo e profundo sobre as questões do serviço público e sobre quem nele trabalha. Uma oportunidade para ouvir e falar, para construção de conhecimento coletivo. Se olhamos para os palestrantes, vemos pessoas altamente qualificadas, que trarão a vanguarda dos estudos na área de qualidade de vida no serviço público.

O aspecto mais importante em termos de expectativa, ao meu ver, ficará por conta da associação que vamos procurar fazer entre coisas muito concretas da vida do servidor -- como o exercício do trabalho criativo, o assédio moral e sexual -- com a teoria, o campo das ideias. Eu acredito que não adianta só apresentarmos cases e mais cases. Eles são importantes. Mas é preciso olhá-los a partir da teoria para que possamos avançar. Precisamos trilhar o caminho da teoria à prática para não ficarmos presos ao redemoinho da realidade.

Inscrições para o 7º Encontro Nacional de Qualidade de Vida no Serviço Público:: http://bit.ly/1DMUceL